Acervos de Urbanismo
Coimbra Bueno e Joaquim Guedes
Os arquivos ganharam lugar de destaque na história e historiografia da cidade e do urbanismo ao menos desde o final dos anos 1990. Arquivos se constituem lugares de pesquisa sobre feitos e realizações, ou projeções de uma sociedade utópica; revelam planos, relatórios e legislações mediante atas, decretos, leis, normas e memorandos; agregam diferentes perfis profissionais. O trabalho em arquivos nos permite olhar atentamente para fotografias, pinturas, cartões-postais, filmes; descrever um determinado contexto histórico a partir de reportagens e publicações em jornais, periódicos, magazines e panfletos; personificar seus atores em cartas, instrumentos de trabalho, documentos oficiais e particulares. Enfim, um campo exploratório que proporciona a estudiosos, pesquisadores, profissionais, gestores e demais interessados em construir uma visão mais aprofundada e abrangente das cidades e de suas dimensões sociais.
É nesse universo que esta exposição se insere, colocando em diálogo dois relevantes acervos de urbanismo, que, não obstante, apresentam distinções entre si: o acervo da empresa urbanizadora Coimbra Bueno e Cia. Ltda. e o acervo do arquiteto e urbanista Joaquim Guedes. A Coimbra Bueno, fundada em 1933 pelos irmãos e engenheiros Jerônimo e Abelardo Coimbra Bueno, foi responsável pela construção de Goiânia, Goiás, e por inúmeros planos e projetos para diversas outras cidades, além de terem participado ativamente no movimento de transferência da capital nacional para o interior e de discussões importantes sobre a ocupação e a cultura do Brasil central. Por sua vez, o arquiteto urbanista Joaquim Guedes atuou desde a sua graduação, em 1954, em projetos de arquitetura, planos de urbanismo, projetos de cidades novas. Professor titular da FAU USP participou ativamente em órgãos de classe e recebeu prêmios nacionais e internacionais pela sua trajetória profissional. Quando acervos fundamentais para a cultura brasileira foram enviados para instituições estrangeiras, a exposição se configura como uma oportunidade de pensar as políticas e práticas arquivísticas no país. A salvaguarda dessa memória urbanizadora, por acervos e arquivos de arquitetura e urbanismo, é crucial para prospectarmos nosso passado, interpretarmos o presente e projetarmos nosso futuro.
Coordenação Geral
Carolina Pescatori | PPG-FAU/UnB
Ricardo Trevisan | PPG-FAU/UnB
Paola Caliari Ferrari Martins | PPG-FAU/UnB
Carlos Henrique Magalhães de Lima | PPG-FAU/UnB
Maria Cristina da Silva Leme | FAU/USP
Monica Junqueira de Camargo | FAU/USP
Fotografias Joana França